De fato, havia uma justificação plausível, pelo menos
humanamente falando, para os judeus estranharem a forma como o messias se
manifestou entre eles.
A estranheza deles se deu principalmente por que não leram
as escrituras com o olhar de Deus, mas segundo as interpretações dos líderes.
O fato é que eles não conseguiam ver em Jesus o messias
profetizado pelos profetas antigos.
A imagem do messias que eles traziam na mente era
triunfalista, como a teologia de alguns seguimentos evangélicos atuais. Tinha
na sua postura e comportamento bem como meta e ideal uma ação bélica, uma
postura de um general deste mundo, como poder para libertar literalmente os
judeus do jugo romano. Parece que esse messias para ser o messias dos sonhos
dos judeus daqueles dias, deveria ter o mesmo anelo pelos ritos, cerimônias,
teologia rabínica que os lideres da religião vigente manifestavam.
Deveria se vestir como eles, trazer a mesma postura e
comportamento religioso que eles manifestavam (separados do povo, conceito de
santidade baseado na separação e segregação, a religião com seus ritos, mitos e
liturgia como a razão em si mesma).
A grande frustração do seguimento religioso e de uma parte
do povo daqueles dias, foi que Jesus veio radicalmente na contra mão de tudo
isso que listei acima. As profecias se cumprem, mas, não como os líderes
interpretavam.
O Messias em Jesus vem vestido de pescador, nascendo em
Belém, mas vivendo em Nazaré, terra sem expressão religiosa ou profética, traz
na sua maneira de viver um estilo simples, humilde sem ostentação, sua fala era
grave contra as motivações e sentimentos que os homens traziam alojados no
intimo do ser, sua guerra era contra demônios, e as ações deles através dos
homens, suas armas eram a palavra, o amor e o poder de Deus, seu reino
celestial e interior, sua bandeira a do céu, sua esperança eterna.
Diante disto, ficou difícil para os judeus recebê-lo como o
messias dos seus sonhos.
Por Márcio Oliveira