Julgar

terça-feira, março 29, 2016

Mas ele lhe respondeu: Homem, quem me constituiu a mim juiz ou repartidor entre vós?
(Lucas 12:14)

Este versículo está situado num contexto, onde um homem vem a Jesus rogando-lhe que intervenha como mediador, como juiz, num litígio entre irmãos por causa de uma disputa de bens.  Jesus tinha todo o poder, integridade e autoridade para exercer juízo o tempo todo, mas, aqui, nem ele o queria ser. Nós porem, vivemos vestindo a toga de juíz e julgando, condenando, arbitrando sobre os outros o tempo todo.

Nesse texto, porém, quero focar  no juízo profético, quase divino, que exercemos sobre os nossos irmãos no meio religioso.

Neste sentido, nós nos colocamos pretensamente como conhecedores da vontade de Deus para o outro. O problema, é que nem sempre Deus está falando através de nós. Além disso, quando Deus fala através de nossas vidas, a entrega do conteúdo profético, se dá de forma vaidosa; com excesso de manifestações humanas, comprometendo assim a pureza e a legitimidade do conteúdo profético,
assim, somos culpados do pecado por estarmos doentes; somos pré julgados quando tomamos alguma decisão ou escolha; somos avaliados o tempo todo; somos investigados e submetidos a interrogatórios ; nossas razões e motivos são amiúde desprezadas; nossas motivações (realidades do campo dos pensamentos, sentimentos e desejos) são adivinhados pelos nossos pré julgadores e dai para pior.

A coisa chega a um ponto em que não podemos mais, sair de uma denominação evangélica e ir para outra, que somos assediados com profetas e profecias, (que algumas vezes são reflexos dos sentimentos e opiniões dos próprios profetas que nos estão profetizando) que tentam nos controlar e dirigir nossas vidas .

Foi esse patrulhamento promovido pelos "guardiões da verdade" (amigos de Jó), que perturbaram a mente emocional de Jó,  num período da vida em que o que ele mais queria era paz, sossego e amigos verdadeiros que o ajudassem .

De onde vem essa nossa necessidade de julgar o outro? De onde vem esse desejo desenfreado de condenar as pessoas? Porque nos constituímos juiz sobre causa alheia ?

As respostas podem ser muitas, como por exemplo: a necessidade de manipular e controlar a vida das pessoas a nossa volta; ou talvez uma vida pessoal mal resolvida, que nos faz desistir da nossa e querer cuidar da vida do outro.

A verdade é que todos nós,  sem exceção,  somos culpados de julgar o outro, todos nós, uma vez ou outra, julgamos, condenamos e lançamos no inferno que nós mesmos criamos, as pessoas a nossa volta.

Àquele que julga com verdade e justiça, que nos conceda a sua paz e misericórdia por julgarmos e sermos julgados uns pelos outros de forma cruel e implacável o tempo todo .

Graça e Paz

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