Lucas 22: 44
E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão.

"Posto em agonia,  orava mais intensamente"

A angustia é desconfortável para a oração no sentido de que, tira a concentração, a serenidade, a boa ordenação das ideias e das pensamentos.

Também  desassossega a alma, inquieta o ser, produz ansiedade, diminui a capacidade de pensar e articular palavras.

Além disso, o angustiado não se satisfaz com qualquer consolo, explicação ou conselhos.  Que o diga Jó.

Daí, a dificuldade para se estar quieto em oração; a dificuldade para se submeter a disciplina da oração; a dificuldade para crer que uma ferramenta tão subjetiva e aparente- mente teórica  e desprovida de ação e pratica na vida, vai atingir o foco da aflição, vai intervir na vida objetiva, vai mover Deus em nosso favor, vai pacificar o ser, vai trazer um amanhecer de esperança para a alma em convulsão.

Neste texto, Jesus nos revela, sob o preço da própria angustia (não foi uma aula teórica e confortável numa sala de aula com ar condicionado) como se enfrenta a angústia .

Sabemos que a psicanálise tem seus posicionamentos  sobre a angústia e, apresenta seus caminhos terapêuticos (que são bons); sabemos, também  que a psicologia tem seus caminhos  (que são bons).
Com tudo, o que se vê aqui é, um homem que diante da angustia não sai para o entretenimento no afã de ocupar a mente com distrações ou, fugir da angústia através do lazer e do hedonismo. (Não que tais ciências ensinem tal prática como terapia, tal orientação vai mais pelo senso comum), Também, percebamos que Jesus  não se confina em silencio, se deixando esmagar pela angústia, seguindo o caminho subserviente da depressão que desemboca: no isolamento, na ansiedade crescente e galopante, na oscilação de humor e, no pensamento suicida.

Jesus pega "literalmente"  a angústia e a transforma num aliado, num combustível que vai inspirar  sua alma a orar. Assim também fez Ana em 1 Samuel .

Assim, quanto mais angústia, mais oração.

Mais que isso, antes de Freud, bem antes, Jesus já  ensinava a fazer anamnese e a catarse da angústia, tendo como terapeuta o próprio Deus, através da oração.

Para aqueles que estão angustiados, a oração ainda é o alivio diante de Deus.