Cativeiros

segunda-feira, agosto 21, 2017

Ter que ficar é difícil. Não poder sair, não poder se mover. Viver a sensação de prisão, de cativeiro, de ausência de liberdade. Sentir-se impotente e muito ruim, é frustrante, constrangedor.
Penso que essa era a sensação que Jó sentia; uma ausência de autonomia, de energia de controle da própria vida e das circunstâncias a sua volta.
O pior é que antes do capitulo 41 e 42, quando não havia explicação de nada, Jó fica a mercê das dúvidas, questionamentos, medos, conflitos e acusações sem obter respostas. Penso que igual ou pior que não ter liberdade é não saber por que perdeu a liberdade.
Jó só vai entender definitivamente tudo o que aconteceu no final, numa palavra espremida dentro de uma frase, que por sua vez, inserida estava dentro de um contexto muito significativo: “E virou Deus o cativeiro de Jó, quando este orava pelos seus amigos”.
É, senhoras e senhores, Jó estava num cativeiro....
Isso explica tudo: explica porque coisas tão absurdas aconteceram; explica porque não conseguiu evitar tantas perdas, explica porque não conseguiu reverter o quando patológico; explica porque seus amigos se voltaram contra ele; explica porque Deus ficou em silencio; explica o porquê de tantas perguntas sem respostas; explica porque as divagações mentais não encontravam respostas lógicas e com sentido; explica porque a vida ficou tão absurda.
Cativeiros; prisões espirituais que não têm explicações imediatas, que não fazem sentido, que a maioria de nós não acredita acontecer. Geralmente racionalizamos; atribuímos às perdas, o sofrimento, a ausência de capacidade para sair e mudar as coisas, á dissabores da vida, á situações naturais que acontece a todos.
Mas, existem sim, poderes espirituais que vez por outra nos acossam, nos aguilhoam, nos prendem, nos atormentam na vida.
O que nós resta é fazer como Jó dentro do processo fez: apesar da inquietação, apesar da dor, apesar das indagações sem respostas, apesar dos delírios, apesar das amarguras, apesar das falas impregnadas de luto, apesar da revolta contra as próprias fragilidades humana; se apegar em Deus, se garrar nEle, e seguir.
“Eu sei que o meu redentor vive...”.
É saber que Deus é a autoridade por traz de todo o drama da vida seja no mundo espiritual ou físico. Que o mal não é absoluto, definitivo, irrevogável.
É saber que os cativeiros abrem, mais que isso, que Deus é o que abre, que liberta, que solta, que nos traz para fora.
“E virou Deus o cativeiro de Jó...”.

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