Abraão, a fé que não tem medo das próprias fraquezas diante de Deus.

quinta-feira, agosto 08, 2013

Abraão, a fé que não tem medo das próprias fraquezas diante de Deus.

“Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; (Gênesis. 12.1)  

O que se vê aqui é apenas a ordem de Deus para Abraão, objetiva, fria, e enigmática. Mas o que se deu por trás dessa ordem? Quais foram as implicações psicológicas, sociais, familiares e emocionais por trás dessa ordem?

Ninguém sai de sua casa para uma viagem sem rumo certo e sem perspectiva de volta, com o coração tranqüilo, com a alma serena, com a cabeça sem um turbilhão de indagações e perguntas sem respostas.

Por mais fé que se tenha, a alma pergunta, perscruta, questiona, rumina, busca respostas, saídas, pensa, oscila e sente o desejo de voltar. Isso é quase involuntário e generalizado em se tratando de um ser humano.

Imagine as dificuldades de adaptação, a saudade, as frustrações e o medo que este casal enfrentou nessa nova fase de vida. Sendo rico, ter que começar tudo de novo, experimentar a ascensão o enriquecimento agora em Deus. Tendo casa estabelecida, ter que viver como nômade, sempre viajando, caminhando sem ter domicílio certo.

Ter que viver pela fé, quando a vida que tinha era mais acomodada, confortável, sem desafios sem os desconfortáveis exercícios de fé, sem ter que depender de alguém que não se apalpa, não pega com as mãos, um ser invisível e complexo para se entender (toda tentativa de se tentar entender Deus a luz da razão, pelo viés da mente é loucura, posto que Deus é o criador da mente humana e é infinitamente superior a ela. a cerca de Deus, o que se pode fazer é crer ou não crer, tentar entendê-lo fora de Cristo é enlouquecer).

A saída do seio familiar era uma ruptura mais profunda que a simples saída de casa, de uma geografia, de um lugar. A saída era o se afastar emocional de pessoas, de relações consangüíneas, de laços afetivos fortes, profundos. A saída era o rompimento com um tempo, com um ciclo, uma história. A saída era uma radical mudança no estilo de vida, nos valores entranhados, enraizados no ser, pela cultura, pela tradição familiar, pela convivência histórica de seus ancestrais.

A proposta de Deus para o ilustre casal era viver uma mudança radical que ia da culinária a maneira de pensar, da rotina diária à concepção de valores profundos. Em Abraão, Deus não só está mudando a maneira de se vestir, comer ou se comportar, como também a maneira de pensar diante das sociedades. Em Abraão, Deus estava mudando a natureza do ser, aguçando os pensamentos, elevando a alma, potencializando o espírito, revelando os segredos do plano espiritual, e do universo, mexendo profunda e significativamente na maneira de enxergar a si mesmo, de enxergar o próximo e enxergar a vida.

Em Abrão Deus está se revelando, se mostrando, deixando o homem vê-lo. Ninguém, nem mesmo Adão, teve uma relação tão intensa, profunda, democrática (diante de Deus foi lhe permitido questionar, opinar, negociar e foi chamado de amigo de Deus), carismática (o sobrenatural acompanhou Abraão na sua poderosa relação com Deus), como Abraão.

Sua caminhada com Deus virou o seu mundo místico, politeísta, comportado, doméstico, tribal, de ponta cabeça. Em Deus seu mundo foi transformado emmundo revolucionário, transformador e eterno.

belo disso tudo é que mesmo diante de todas estas dificuldades hoje pormenorizadas, detalhadas, esmiuçadas aqui, Abraão e Sara se renderam a voz, se renderam ao chamamento, partiram em direção ao obscuro futuro, aceitaram o desafio de um Deus que eles estavam apenas começando a conhecer.

Essa é a essência da fé. Confiar em deus, se entregar nas mãos Dele, deixar que nos leve, nos guie mesmo que o coração em algum momento se angustie, mesmo que alguma preocupação nos assedie.

Ter fé em Deus não é perder a humanidade, Abraão tinha fé em Deus, mas se inquietava diante dele, como no caso da tenda, mostrava ansiedade em relação ao tempo e o envelhecimento. Sara até se deu ao luxo de buscar novas alternativas para ser mãe. Tanto ele quanto ela riram diante da promessa e do impossível, como todo o ser humano riria.

Diante de tudo isso, Deus não os reprovou como os adeptos da teologia da confissão positiva fariam, não os condenou como os pregadores da teologia da prosperidade o fariam, (mergulhando o casal sofrido no mar da culpa por não conseguir alcançar os objetivos medíocres das realizações materiais por não crerem). A fé é maior que isso, a fé mais que crer em Deus para as realizações históricas, a fé, que Abraão nos ensina é caminhar com Deus apesar das fraquezas internas, é não ter medo que buscar em deus confirmações, arrimos para continuar a crer, é depender de Deus até para crer, é descansar em Deus quando o coração se agitar dentro do peito na luta para não descrer.

Que Deus nos guarde e nos fortaleça nessa caminhada de fé.

Pensemos nisso.

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