Chamando o pecado pelo nome

segunda-feira, agosto 12, 2013


“Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia,   a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus”. (Gálatas 5. 19-21).

Aqui em gálatas, Paulo descreve em poucas linhas as manifestações do pecado com objetividade e simplicidade. Vai desde pecados explícitos, visíveis, praticados com o corpo como a prostituição, até pecados subjetivos, abstratos, que atua na esfera dos pensamentos, dos sentimentos como a inveja e o ciúme, por exemplo.

O problema é que hoje temos perdido o temor de Deus em relação ao pecado.

Primeiro, porque falar de pecado hoje é fora de moda, tacanho, brega, papo de gente sem cultura, desprovido de conhecimento, desatualizado, antiquado.

Segundo, porque vivemos na era das ciências da alma, psicologia, psicanálise, e toda a gama de psicoterapias, e pecado é um papo que não rola nesse meio. Aliás, pecado nessa roda é tido como neurose da religião; pior, pecado tem sido psicologizado pelas igrejas, quando esta não se limita a diagnosticar as doenças emocionais, mas também aplicam remédios que não seja a palavra de Deus, numa reunião onde o nome de Jesus é invocado. Além disso, a psicologia e a psicanálise não enxerga o adultério como um erro por exemplo, um delito moral, como pecado; para ambas, o pecado é visto com naturalidade, mera disfunção emocional, neurose, ou saudável manifestação da libido. Assim, todo o delito moral é relativizado, atenuado e justiçado a luz das ciências da alma, e toda a forma de confronto, são taxadas de castração, e ação neurotizante (doença emocional diagnosticada por Freud).

Terceiro porque estamos desamando a Cristo cada vez mais. O amor a si mesmo tem saído da esfera da saúde mental (auto-estima equilibrada) para o narcisismo (amor a próprio levado ao estremo), aonde Deus vem perdendo espaço fora e até dentro das igrejas, onde deveria ser adorado. Nesse sentido, o homem passa a ser tratado com o centro, como alguém mais relevante, importante que o próprio Deus, o que significa dizer que, as emoções, sentimentos, desejo, carências, interesses, decisões, escolhas e vida dos homens têm mais relevância que os de Deus.  Daí, pouco importa o entristecer do Espírito, como ensina Paulo, que não pode ficar triste é o homem. Pouco importa a fidelidade a Cristo, o que importa é que ele precisa ser fiel a mim. Se Deus não é mais o centro, o que Ele sente quando eu peco contra ele, não é mais relevante.

Em quarto lugar perdemos o amor pela volta de Cristo. Quando se perde a qualidade no amor por Cristo também se perde amor pela volta dele. E o efeito desse esfriamento no amor pela volta dele é a banalização do pecado. Perder o foco do céu, do arrebatamento da igreja é perder o sentido da santificação. Isso porque, Para ser santo, para se manter a vida casta, limpa, decente, equilibrada, ajuizada, vigilante, temperada, além de outras coisas, precisa haver a motivação da bendita esperança acesa no coração; se não houver a bendita esperança não se tem sentido de vida, e sem sentido de vida, não se tem motivação para se santificar.Me santificar porque, se não acredito mais na volta de Cristo?

Em quinto lugar estamos vivendo o que Paulo profetizou em II Timóteo 3: um adoecimento progressivo dos crentes na sua essência. Esse tempo é chamado por Paulo de tempos trabalhosos. Dentro desse tempo, uma das marcas mais impressionantes do pecado é denominada por ele de perda do afeto natural. A perda do afeto natural é o feito e não a causa do pecado. Evidentemente que em determinado momento, o efeito passa a ser também a causa. Mas a perda do afeto natural é uma grande contradição para nós, que nos denominamos povo de Deus, servos do Deus vivo, crentes em Jesus, gente que vive e prega o amor no sentido de que, nossas vidas, práticas, relacionamentos e sentimentos são o oposto de tudo isso que alegamos viver e pregamos. Estamos perdendo a humanidade, nossas ambições são tão vorazes quanto a dos políticos ruins deste país, nossas motivações são tão mesquinhas quanto as de um mundano sem cristo que gostamos de criticar. Nossas brigas ministeriais são por poder, nossa ganância por dinheiro é igual ou pior que dos corruptos deste País, nossa frieza em relação ao sofrer humano é percebida nas nossas prioridades que são sempre o nosso status, projeção, prosperidade à moda americana, o crescimento, a multiplicação, a falta de tempo para com as pessoas e o tempo exagerado gasto com planejamentos, reuniões, construção de projetos, festas, eventos, doutrinas, dogmas, leis, acumulo de patrimônios, etc. essa despreocupação com o outro, vem disfarças, num manto de falsa piedade, e o que se vê na pratica é a exploração do outro, a manipulação do outro, o abuso contra o outro, a espoliação do outro, a brincadeira de mau gosto com o drama e necessidades do outro, as chantagens emocionais e espirituais, o uso do nome de Deus para amedrontar ou sensibilizar o outro no afã de retira dele o que se quer.

Perfil dos crentes destes últimos séculos

“Segue abaixo textos que fundamentam essa dissertação: Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos;  pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios,  sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também desses. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências;  sempre aprendendo, mas nunca podendo chegar ao pleno conhecimento da verdade.  E assim como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesta a sua insensatez, como também o foi a daqueles.” (II Timéteo 3. 1-9).

Perfil dos pastores destes últimos séculos

Pedro põe limites nos pastores, para que não pensem que são deuses diante das igrejas, fazendo o que bem quiserem, tirania o que quiserem, tendo a pretensão de pensarem que têm poder e autoridade sobre as pessoas para arbitrar sobre a vida e a morte delas, exercendo tirania, despotismo, abusos em nome de uma autoridade que Deus nunca lhes delegou.  Veja se a descrição destes líderes aqui em I Pedro não retratam o perfil de muitos líderes evangélicos dos dias atuais.

“Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade;  nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando se manifestar o sumo Pastor, recebereis a imarcescível coroa da glória”. (I Pedro 5.2-4)

 É alarmante a atualidade deste texto de Pedro. Veja como os pecados descritos aqui são uma repetição fiel na vida de muitos, muitos lideres que estão à frente de igrejas neste país.

“Apascentar não por força...”; “... Nem como dominadores”.

O uso da tirania, do despotismo, da força, da coação, da intimidação, da chantagem emocional e psicológica e da distorção da palavra de Deus para se obter obediência, fidelidade, respeito, entrega de bens e ofertas, satisfação de caprichos de tais lideranças. A pretensão de pensar que as pessoas são propriedades deles, que a igreja é mérito deles, que tudo é herança de família: os crentes, o templo, os utensílios, mobiliário etc.

Nem por torpe ganância

Nunca se viu tanta ganância por dinheiro nos anais da igreja protestante como nos dias atuais neste país (e olha que gostamos de denunciar o enriquecimento financeiro e patrimonial da Igreja Católica Romana e dos Papas). A ganância disfarçada pela busca dos interesses do reino. Uma busca por dinheiro desesperada, camuflada pelo discurso piedoso e nobre de se ampliar o alcance do evangelho do reino. A espoliação dos bens pessoais das ovelhas de forma cruel e desrespeitosa. A valorização extremada da doutrina dos dízimos e das ofertas, a redução doutrinária da vida cristã, a teologia financeira (a vida cristã passa a ser medida em todas as esferas pela maneira como dizima e oferta), nesse sentido tudo passa a ser subordinado a doutrina da mordomia financeira: salvação, serviço cristão, relação com o Espirito Santo, doutrina do pecado, céu e inferno, batismos, eclesiologia, etc. Além disso, percebe-se também a distorção de textos para se pregar mensagens motivacionais e apelativas a fim de se arrancar dinheiros dos crentes. O enriquecimento de pastores à custa de mentiras teológicas, apelações, manipulações de pessoas crédulas, e bem intencionadas. Os roubos, as fraudes, as operações escusas e criminosas, como dinheiro dentro de bíblia para sair do país, por exemplo.

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